segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fé e Cultura - 1

* Política: O bom cristão não salva apenas a sua alma, ele também tenta salvar a sua cultura!


Henrique Raposo

Há sempre um ponto que me desgosta em muitos amigas e amigos católicos: é a distância em relação ao debate público e político, é o nojo fácil pela política. Isso é visível, por exemplo, no Facebook. Ali podemos ver milhentas pessoas a assumir com orgulho a identidade católica e, ao mesmo tempo, a desprezar a identidade política.

Na secção “religious views”, surge triunfante a palavra “católica”. Na secção “political views”, surge um pobre e fácil “não uso disso” ou um “são todos iguais”, etc.
Na revista Communio (Setembro 1988), Francisco Lucas Pires escreveu um artigo que é, para mim, a melhor resposta a esta pobreza apolítica de um certo catolicismo.

Nesta prosa, intitulada “Pureza de Coração e Vida Política”, Lucas Pires afirma que existem duas maneiras de um cristão lidar com a esfera política. A primeira passa por aceitar que os princípios e regras da esfera política são de “outro tipo” e que, por isso, o cristão só deve ter preocupações com a salvação da sua consciência. Ou seja, o cristão deve criar uma redoma à sua volta, retirando-se assim dos debates da Cidade. Nesta via, o cristão julga-se tão puro, que não quer sujar as mãos na realidade.“Sim, sou muito católico, mas não quero nada com a política, são todos iguais”.

Como já perceberam, Francisco Lucas Pires critica esta primeira via, e defende uma alternativa. Para ele um cristão tem o dever de lutar na Cidade, tem o dever de fazer opções públicas e políticas.Porque o leigo não é o padre a viver fora da Cidade. O leigo tem de viver no mundo, tem de produzir e/ou participar numa narrativa normativa para a Cidade, mesmo quando essa Cidade é dura e suja. Sim, a política namora com o pecado e com a mentira, mas – precisamente por causa disso – a política é o terreno propício para se apurar a “pureza de coração”. Só podemos testar a nossa pureza num mundo imperfeito e duro. A redoma apolítica é uma via fácil e pouco cristão.

Portanto, numa lógica algo parecida à de T.S. Eliot, Lucas Pires diz que o cristão tem de tentar influenciar o espaço público, tem de levar os seus valores cristãos para a Cidade. O cristão não tem apenas de salvar a sua consciência: também tem de salvar a sua cultura. O cristão não é apenas um ser metafísico, também é um ser historicamente situado. No fundo, não deve existir uma separação entre a obediência moral (a Cristo, a Deus) e a vida política e colectiva aqui na Cidade dos homens. Pelo contrário: deve existir uma tensão criadora entre a ética cristã e a realidade política.





Fé e Cultura

* Paróquia católica americana apresenta Jesus como o primeiro “hipster”. Entenda.


Uma Paróquia católica do bairro do Brooklyn, em Nova York, Estados Unidos, fez uma campanha diferente para atrair fiéis. Em propagandas espalhadas pelo bairro, a diocese colocou cartazes em pontos de ônibus, bares, restaurantes e telefones públicos com os dizeres: “O hipster original”. Hipsteré um termo usado para designar pessoas modernas e inovadoras.

A imagem mostra os pés de um homem usando uma túnica branca e um par de tênis vermelhos. Segundo o Huffington Post, Jesus poderia ser o tipo de homem que usaria óculos com aros de tartaruga, barba por fazer e que ouve bandas que ninguém conhece, assim como os “hipsters”.
O porta-voz da diocese, monsenhor Kieran Harrington, essa noção de Jesus não deveria ser uma surpresa. “Historicamente, as representações de Cristo refletem a população que adorava”, afirmou o monsenhor ao Huffington Post.
“Não me parece tão absurda que a representação de Cristo seja de um hipster”, disse Harrington. “Mais do que isso, Jesus se contrastava com a cultura da sua época. É isso que os hispters fazem”, continuou.
O monsenhor ainda explicou que a campanha foi criada para que os novos moradores do bairro – região conhecida por ser o lar dos descolados de Nova York – encontrem uma paróquia que os interesse.
“Queríamos facilitar para as pessoas a procura de igrejas para freqüentarem aos domingos”, afirmou o monsenhor. “A diocese é como a cidade, sempre se reinventando”, completou.

Formação 3

* “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”. (Sto Agostinho)


A verdade e a caridade são duas virtudes fundamentais para a nossa salvação. Uma não pode ser vivida sem a outra, desprezando a outra, pois uma perde o seu valor se não observar a outra.  Sem verdade não há verdadeira caridade e não pode haver salvação.
São Paulo disse que “a caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3, 4) “A ciência incha mas a caridade edifica” (1Cor 8,1) “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei” (Rom 13, 10) “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1 Cor 16, 14); “Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef 4, 15).
São Paulo mostra a excelência da caridade: “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Cor 13, 2).
Se “Deus é amor”, como disse São João, da mesma foram Ele é a Verdade. “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda verdade (Pr 8,7; 2Rs 7,28). Sua Palavra é verdade. Deus é “veraz” (Rm 3,4). Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de graça e verdade” (Jo 1,14), Ele é a “luz do mundo” (Jo 8,12). “Para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12,46).
São Paulo disse a SãoTimóteo que “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. O nosso Catecismo afirma com todas as letras: “A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito de verdade já estão no caminho da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi confiada, deve ir ao encontro do seu anseio levando-lhes a mesma verdade.” (CIC §851)
“A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15); Paulo deixa claro para Timóteo. Sem a Igreja o edifício da verdade não para de pé. Por isso recomenda ao seu precioso bispo que  guarde com zelo o bom “depósito da fé”  (fidei depositum). “Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.” (II Timóteo 1,14).
O mesmo recomenda ao bispo SãoTito: “… firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem.” (Tito 1,9).
“O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina.” (Tito 2,1). “… e mostra-te em tudo modelo de bom comportamento: pela integridade na doutrina, gravidade” (Tito 2,7).
Sem esta “sã doutrina” não existe salvação. Quando Jesus terminou o discurso… “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina” (Mt 7,28). E ele recomendava: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas”. (Mt 11,29)
Os discípulos viviam segundo esta verdade de Deus. “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações”. (At 2, 42)
Jesus mostrou toda a força da verdade. “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3, 21)
“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade (Jo 4, 23-24). Por isso a Igreja ensina a “lex credendi, lex orandi” (como se crê se reza). “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,23).
Jesus mostrou o perigo de se desviar da verdade, porque a mentira vem do Mal: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8,44)
Muitos não quiseram ouvir a verdade de Jesus,como hoje: “Mas eu, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem de vós me acusará de pecado? Se vos falo a verdade, por que me não credes? (Jo 8,46)
Jesus mostrou aos discípulos na última Ceia, que o Espírito Santo é a fonte da Verdade; e é Ele que conduzirá a Igreja `a “plenitude da verdade” em relação à doutrina.
“É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.’ (Jo 14, 17)
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15, 26). “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16, 13).
A verdade de Jesus santifica: “Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17,17). “Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade” (Jo 17,19). Por tudo isso, Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade: “Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37).
Muitos querem apenas o “Deus que é Amor”, mas se esquecem do Deus que é também a Verdade. Esta é uma “porta estreita ” que muitos não querem entrar, mas é a “porta da vida”. (Mt 7,13). A Igreja é muitas vezes criticada exatamente porque não abre mão da verdade. Não aceita fazer a caridade sem observar a verdade. Paulo VI disse que o mal do mundo é “propor soluções fáceis para problemas difíceis”. São soluções que não resistem a uma análise ética e moral porque não respeitam a verdade revelada.
Santo Agostinho recomendava com sua sabedoria e santidade: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.
A verdade norteia o bom uso da caridade, para que ela não se desvirtue. Não se pode “fazer o bem através de um fim mal”, ensinava São Tomás de Aquino. Não se pode, por exemplo, usar o narcotráfico para arrecadar fundos para a caridade. Não se pode usar uma “camisinha” para evitar a AIDS ou fazer contracepção, porque o meio é mau. Não se pode promover a justiça através da luta de classes, do desrespeito às leis.  Os fins não justificam os meios. E isto acontece quando a caridade é vivida sem observar a verdade.
Sem a verdade a caridade é falsa, e não pode haver salvação.
Prof. Felipe Aquino

Formação 2

* “Deus, você sabe que eu não acredito em você, mas eu estou com problemas e preciso de ajuda. Se você é real, me ajude! “



Capa do livro onde narra sua história de vida na busca da verdade
O caminho de Devin Rose: ateu orgulhoso, agnóstico deprimido, protestante duvidoso e agora católico fervoroso.
“Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha: ou me matar ou tentar acreditar em Deus.”
Devin Rose nasceu em uma família de tradição cristã, com o entendimento de que era apenas no nome. Na verdade, em casa, ele aprendeu que os homens vieram de uma evolução da “lama original.” Assim, não admira que na adolescência, após a obtenção do uso da razão, Devin declarou orgulhosamente incrédulo. Então nasceu um ateu!
Seu estudo na escola ajudou-o ainda mais a encorajar-lhe nessa posição, dada a suposição de consenso amplo de seus colegas neste campo. Mas na faculdade, algo aconteceu. Apesar de ter êxito naquilo que realizava (boas notas, uma noiva bonita, o amor de sua família, um monte de amigos …) havia algo que não funcionava: “Comecei a ser devorado pela ansiedade”, diz ele.
“Eu ficava nervoso em reuniões sociais, em restaurantes, cinema, mesmo durante a aula. Meu estômago se agitava e ficava com medo de ter que sair da classe, colocando-me no ridículo na frente de todos. “
Com o tempo, essa ansiedade só aumentou, chegando a verdadeiros ataques de pânico sem motivo aparente. Chegou até desejar a morte: ele, um estudante de honra, com bolsa integral, atleta talentoso e cercado por bons amigos e o amor de sua família.
Diante desta situação, finalmente enfrentou seu ateísmo, que agora era sinônimo de desespero: “A fina camada do conforto, da prosperidade e bem-estar geral sempre me protegeram na minha vida paraenfrentar as terríveis conclusões existenciais da minha visão de mundo. Um dia, em um inquietante “sonhar acordado” vi diante de mim, de maneira total, a escuridão, uma vazia manifestação viva do meu desespero. “
Em meio a esta dor, foi até sua mãe e abriu sua alma: “Agradeço a Deus agora porque, mesmo no desespero, me deu uma mãe amorosa que eu podia ir em uma situação onde achava que não tinha outra lugar para ir. ” Juntos, eles foram para um psicólogo, outra dificuldade para Devin, que olhava com desdém para as pessoas que iam a uma terapia e então começou a dar resultados.
Mas a evolução era positiva apenas em parte. Na verdade, suas ansiedades ainda estavam lá. Foi quando ele aceitou o seu problema: ele era clinicamente deprimido, uma luta que se lhe apresentava titânica e interminável.
“Eu acreditava que meus problemas eram apenas um produto químico do meu cérebro, mas eu já tinha tentado todas as táticas possíveis para superar a ansiedade e não tinham funcionado. Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha:. Ou me mato ou trato de acreditar em Deus “

Com essa dicotomia no caminho, o antes ardente ateu se lançou na empresa de acreditar: “Eu sabia que se Deus não existisse, tentar acreditar nele não iria funcionar, pois seria só uma tática a mais no meio da multidão das que havia tentado antes, sem sucesso. E pedir a Deus ajuda, era algo dentro de mim que se rebelava, não tendo nada a perder, eu lhe dou uma chance. ” E assim, depois de muitos anos, Devin lançou seu primeira frase: “Deus, você sabe que eu não acredito em você, mas eu estou com problemas e precisa de ajuda. Se você é real, me ajude. “
À princípio, o resultado de suas orações foi nulo, de modo que, ironicamente, havia confirmado seu ateísmo. “Mas quando você está no mar e tudo que você tem é um salva-vidas, ainda que pequeno, é a sua única esperança.” Então ele continuou a orar.
Assim, pouco a pouco, apareceram ligeiros sinais de melhoria. E mesmo dentro do desculpas foram revelados os ateus e queria quebrar essa árvore que começou a crescer, Devin disse que eu deveria lhe dar uma chance à fé. Assim se protegia e continuava sua oração, acompanhada pela leitura da Bíblia.
Seu companheiro de quarto na faculdade era um batista fiel (protestante) e começou a levá-lo em sua igreja todos os domingos. Mesmo sentindo ataques de ansiedade, fazia violência para permanecer nas reuniões e, surpreendentemente, a sua fé começou a se fortalecer e crescer, mas estava imerso em um mar de dúvidas. No final daquele ano, Devin se considerava já, e sem dúvidas, um cristão.
Devin no livro sobre o protestantismo disse que foi nesse momento que Deus se fez presente, “Deus se precipitou e era como nada do que antes pudesse ter experimentado. Ele me deu coragem e força para enfrentar as minhas ansiedades e começar a superá-las [...] Deus me deu esperança de enfrentar o meu desespero, e fé e o amor começaram a curar minhas feridas mais profundas. ” Em outras palavras, ele conheceu o amor de Deus. No final daquele ano, foi batizado na igreja Batista, dando um novo rumo para sua vida.
Mas Deus não parou por aí; queria que Devin se encontrasse definitivamente com Ele dentro da Igreja Católica. Desde o início nasceu a pergunta por que havia tantas divisões e denominações dentro do Cristianismo. Assim o fez notar a Matt, um bom amigo seu Batista, considerado um líder entre seu grupo. Mas ele não soube responder.
Seu desejo pela verdade roía a alma e não lhe deixava em paz ver as diferenças entre as pregações cristãs. Procurou a ajuda em sua leitura da Bíblia … porém aí se deu conta que umas confissões o viam de uma maneira um e outros de outra maneira.
A questão subjacente não era simples: quem são realmente guiado pelo Espírito Santo? Porque o Espírito Santo é “o Espírito da Verdade”, e verdade é uma só. Como, então, produzia tantos efeitos?
Depois de muito pensar e de oração, Devin decidiu investigar qual denominação teve a audácia de dizer que era a Igreja que tinha a plenitude da verdade. Sua Igreja Batista certamente não disse, porém os católicos, ortodoxos e os mórmons o fizeram. Espantado com os resultados e com muito medo, começou a investigar a Igreja Católica.
Durante muito tempo debateu com amigos protestantes, fazendo todo o possível para não se tornar católico. Mas quanto mais estudava, mais se dá conta da autenticidade da Igreja. E assim, depois de receber uma boa catequese, foi recebido na Igreja na Páscoa de 2001, cerimônia da qual participaram alguns de seus amigos protestantes.
Hoje, após dez anos de Católico, Devin só pode ver com gratidão o caminho percorrido: “Meu “Caminho à Roma”começou com o risco de que Deus fosse real. Continuou com a descoberta de que ele me amava e que era digno de minha confiança. Hoje posso dizer que, depois de viver a fé católica por dez anos, a minha confiança em Cristo e Sua Igreja tornou-se cada vez mais forte. “
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